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segunda-feira, 15 de março de 2010

Dois artigos de opinião hoje inseridos no “Público” (15.Março, 2010, p. 41) merecem ser divulgados. Num (intitulado “Redes sociais não, obrigado”), o médico psiquiatra Pedro Afonso alerta para os perigos e malefícios das “redes sociais” da Internet. Entre outras coisas, escreve: “[…] parece existir uma busca pela auto-valorização e uma necessidade exibicionista de atenção e admiração. Esta última característica torna-se bem visível pela forma como se arrecada ‘amigos’, aos milhares, como se fossem troféus de caça social. Portanto, na amizade, desvalorizou-se a qualidade para se dar primazia à quantidade […]. As redes sociais [da Internet] favorecem o empobrecimento do relacionamento social – criando-se novas formas de solidão – porque as relações pessoais reais são mais ricas e profundas. […] Este é um sinal preocupante de desumanização da nossa sociedade uma vez que esta emigração maciça para o mundo virtual pode revelar-se como o início de uma psicose colectiva: como esta realidade não é conveniente, as pessoas refugiam-se noutra imaginária. O crescimento vertiginoso das redes sociais demonstra que o Homem, outrora sonhador, com ideias e valores, está a capitular. Desistiu de lutar por uma sociedade melhor, cedeu ao facilitismo e renunciou viver neste mundo. […]”.
No outro texto (“Vida, morte e dignidade”), o juiz Pedro Vaz Pato sustenta com ponderosas razões a sua oposição à eutanásia e ao auxílio ao suicídio: “[…] O princípio aqui em jogo é o da inviolabilidade e indisponibilidade da vida humana […] direitos humanos fundamentais, que as primeiras históricas declarações sempre afirmaram como ‘inalienáveis’, isto é, dotados de um valor objectivo e independente da vontade do seu titular.[…]”.
Pode-se, e deve-se, discutir cada uma destas teses, mas é certo que qualquer dos opinadores contribui de modo relevante para tal.
JF / 15.Março.2010

1 comentário:

  1. Em relação ao primeiro artigo parece-me uma opinião um pouco superficial, pois não me parece que uma rede na internet exclua obrigatoriamente o relacionamento social, são coisas diferentes, a níveis diferentes. Considero normal que numa rede na internet - tipo Facebook - se tenha muitos contactos pois tem uma função diferente - como p.ex. divulgação de iniciativas, contactos profissionais ou até contactos com amigos mais distantes - do que o relacionamento pessoal onde aí, sim, se pode ter um contacto mais próximo e com outro nível de qualidade. Donde o problema não está nas redes na internet, mas no uso que as pessoas fazem delas, como de resto se passa com quase tudo o que existe, desde a alimentação ao sexo até à cultura ou à política.
    Sobre o segundo artigo já me parece uma questão mais complexa que não pode ser tratada num mero comentário de blog. Mas no entanto chamo a atenção para a violência da posição defendida sobretudo em casos de grande sofrimento devido a doenças terminais que me parece mais importante do que qualquer princípio abstracto.

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