Roman Polanski vê uma pequena luz para o seu caso. Foi admitida a possibilidade de deixar a prisão, mediante o pagamento duma caução de três milhões de euros. Ainda assim, o cineasta não poderá deixar a Suíça, país onde está preso desde 26 de Setembro, e será obrigado a usar pulseira electrónica, de modo a ter todos os movimentos controlados pela polícia. Continua além disso à espera de ser extraditado para os Estados Unidos, onde é acusado de relação sexual com uma menor de treze anos.
Já anteriormente aduzi alguns argumentos contra o absurdo em que se está a tornar a condenação penal da chamada pedofilia. O caso Polanski é apenas uma das pontas visíveis do absurdo desse novo continente repressivo. Há quem diga que não fosse o cineasta quem é e nunca teria sido preso por causa dum processo com mais de trinta anos, em que a dita vítima já perdoou o acusado. Infelizmente tenho notícia de casos tão ou mais clamorosos que o do cineasta polaco. A diferença é que, tratando-se de anónimos, sem relevo público, ninguém dá por eles.
Há porém no actual desenvolvimento do caso de Polanski um novo absurdo. O leitor decerto já o percebeu. São os três milhões de euros da caução.
Que pena que eu tenho que Polanski não tenha sido preso num resort algarvio. É que no mesmo dia em que o polaco era obrigado à caução dos três milhões, o ex-secretário de Estado do governo português de António Guterres, José Penedos, Presidente da R.E.N., cuja fortuna não deve dever muito à do cineasta, acusado por crime de corrupção passiva, livrava-se da prisão com uma caução, imaginem, de quarenta mil euros. Ai os brandos costumes portugueses!
Jerónimo Leal / 28 de Novembro de 2009
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