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sexta-feira, 26 de março de 2010

PEC – 1ª parte

Toda a gente sabe que, mais coisa menos coisa, as medidas do PEC são inevitáveis e indispensáveis. Mas a lógica da oposição partidária leva a que ninguém queira “fazer má figura” perante os seus (correligionários, mandantes, eleitores, etc.). Por isso são “contra”.
Ontem, no parlamento, ao PSD salvou-o o facto da dra. Manuela Ferreira Leite já estar de saída e não poder ser prejudicada com a abstenção da sua bancada ao documento do governo (que, se calhar, comprometeu definitivamente as hipóteses de Aguiar Branco lhe suceder).
E ao PS, ajudou-o bastante a notícia divulgada horas antes (coincidência…) de que a agência de rating Fitch tinha acabado de penalizar Portugal, por “mau pagador das dívidas”.
Com um primeiro-ministro fragilizadíssimo com os ataques pessoais sucessivos de que tem vindo a ser alvo (e para os quais ele parece contribuir generosamente), um PR insondável e uma representação parlamentar como aquela que temos, continuamos muito longe de ver surgir na sociedade a criação de uma onda de vontade colectiva para fazer face aos trementos problemas económicos que Portugal enfrenta.
Por isso, é quase certo que haverá um PEC-II e talvez um PEC-III, com uma crise política pelo meio, para evitar que se chegue a algum “plano de falência”. E não se vislumbra qualquer sinal, nem de recuperação sustentatada da nossa base económica, nem de recomposição política das escolhas do eleitorado – o que até pode ser um sinal de prudência e bom senso, mas exigiria da classe política uma capacidade de entendimento e de regeneração que ela dá mostras claras de não possuir.
JF / 26.Março.2010

segunda-feira, 15 de março de 2010

Dois artigos de opinião hoje inseridos no “Público” (15.Março, 2010, p. 41) merecem ser divulgados. Num (intitulado “Redes sociais não, obrigado”), o médico psiquiatra Pedro Afonso alerta para os perigos e malefícios das “redes sociais” da Internet. Entre outras coisas, escreve: “[…] parece existir uma busca pela auto-valorização e uma necessidade exibicionista de atenção e admiração. Esta última característica torna-se bem visível pela forma como se arrecada ‘amigos’, aos milhares, como se fossem troféus de caça social. Portanto, na amizade, desvalorizou-se a qualidade para se dar primazia à quantidade […]. As redes sociais [da Internet] favorecem o empobrecimento do relacionamento social – criando-se novas formas de solidão – porque as relações pessoais reais são mais ricas e profundas. […] Este é um sinal preocupante de desumanização da nossa sociedade uma vez que esta emigração maciça para o mundo virtual pode revelar-se como o início de uma psicose colectiva: como esta realidade não é conveniente, as pessoas refugiam-se noutra imaginária. O crescimento vertiginoso das redes sociais demonstra que o Homem, outrora sonhador, com ideias e valores, está a capitular. Desistiu de lutar por uma sociedade melhor, cedeu ao facilitismo e renunciou viver neste mundo. […]”.
No outro texto (“Vida, morte e dignidade”), o juiz Pedro Vaz Pato sustenta com ponderosas razões a sua oposição à eutanásia e ao auxílio ao suicídio: “[…] O princípio aqui em jogo é o da inviolabilidade e indisponibilidade da vida humana […] direitos humanos fundamentais, que as primeiras históricas declarações sempre afirmaram como ‘inalienáveis’, isto é, dotados de um valor objectivo e independente da vontade do seu titular.[…]”.
Pode-se, e deve-se, discutir cada uma destas teses, mas é certo que qualquer dos opinadores contribui de modo relevante para tal.
JF / 15.Março.2010

segunda-feira, 8 de março de 2010

Se queres a Paz... prepara a Paz! É esta a divisa que há que
contrapor ao bárbaro «se queres a paz, prepara a guerra».
Convido os que se reconhecem nessa divisa a aderir à possibilidade de
co-financiarem comigo a edição de um livro chave na construção de uma
corrente favorável à paz e à não violência: Peregrinação às Fontes,
de Lanza del Vasto. O autor (1901-1981) é um dos mais destacados
seguidores de Gandhi na Europa; o livro inclui a narração do seu
encontro e estadia junto do Mahatma, em Wardha.
Para viabilizar o livro, são precisas 100 pessoas que pré-comprem 2
exemplares (investimento: 40 euros) ou 200 que pré-comprem um
exemplar (investimento: 20 euros).
Os co-financiadores amigos da Paz, que por sua vez poderão alargar a
corrente falando dela aos amigos, poderão, com um pequeno
investimento, obter o livro em retorno, sem outro pagamento e com uma
redução de quase vinte por cento em relação ao preço previsto de
venda ao público.
O editor enviará a cada co-financiador, na volta do correio, um
documento contabilístico com valor oficial e um certificado de
compromisso de entrega (prevista até 30 de novembro de 2010).
No endereço abaixo encontrará as informações necessárias, em especial
na secção «Passo a Passo». Qualquer dúvida não hesite em contactar-me:
www.sempreempe.pt/peregrinacao
Obrigado desde já.
Saúda
José Carlos Costa Marques * Edições Sempre-em-Pé

Rua Camilo Castelo Branco 70/52 * 4425-037 Águas Santas
contacto@sempreempe.pt * Telefax 22 975 9592 * www.sempreempe.pt

nif 152 977 023 * nib 00 33 0000 45320830239 05 * IBAN PT 50 00 33
0000 45320830239 05 *SWIFT/BIC BCOMPTPL

Grécia, Islândia…

Finalmente, o governo helénico (de esquerda) apresentou um plano de reequilíbrio orçamental e financeiro um pouco mais realista, e a reacção popular nas ruas é a que se pode ver… E na Islândia o referendo sobre a proposta oficial de pagamentos externos foi recusada quase por unanimidade (daqueles que votaram validamente, pois a maioria parece que votou branco ou nulo e não se deu mesmo ao trabalho de ir votar, o que pode ter significados diversos). Em todo o caso, eis dois países bem diferentes da periferia europeia que foram apanhados em cheio pela crise de 2008 e cujas populações reagem mal, com indignação ou desagrado, à perda dos padrões de vida a que se haviam habituado: no caso grego, com a cultura mediterrânica do “desenrasca”, veremos até que ponto o governo conseguirá resistir à pressão da rua; no outro, os simpáticos gélidos islandeses ainda devem estar à procura de compreender como a sua prosperidade se evaporou e, de um momento para o outro, viram o seu sector financeiro arruinado e eles próprios muito mais pobres.
E, entre nós, o PEC hoje apresentado vai dar para muita especulação jornalística, “de café” (não nos respectivos estabelecimentos que o vendem, que já não servem para isso, mas nas pausas-café do trabalho onde tagarelam quadros e empregados), e infindáveis manobras partidárias. Agravamento fiscal sobre os mais ricos? Justíssimo! Adiamento dos grandes investimentos? Pois se já não há dinheiro para eles!… Cortes nos subsídios e despesas sociais? Veremos onde vão incidir, sendo certo que estas práticas (inevitáveis em casos de socorro social) sempre distorcem a verdade na formação dos preços! Privatizações, na complicada economia pública de hoje? Resta saber se há compradores, a que preço e se é para fazerem melhor… Finalmente, o “congelamento” dos rendimentos pessoais pagos pelo Estado (a funcionários e, parcialmente, a pensionistas), que pode ser justo quando aproxima estes dos restantes cidadãos, mais uma vez deixa incólomes os privilégios de que gozam os agentes políticos e altos gestores públicos, embora se saiba que não se situa aqui o peso fundamental da despesa, que é preciso controlar.
Esta, seria a pedra-de-toque de uma reforma moralizadora (e mobilizadora) das energias nacionais, imposta pelas circunstâncias excepcionais que estamos vivendo – mas fora delas, isso alguma vez será viável? –, que poderia relançar a confiança e o crédito de um sistema político desgastado por 2 anos de PREC e 33 de “partidocracite”.
JF/8.Mar.2010

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