A comunicação social (portuguesa) merece geralmente as críticas e suspeições que lhe dedica o dr. Pacheco Pereira. Os seus interesses próprios (alargar audiências, captar investimentos publicitários, melhorar cotas profissionais, fazer passar convicções pessoais ou de moda) tomam frequentemente a política e o espaço da informação pública (ao lado do entretenimento) como campos privilegiados onde se espraiam esses interesses, em contexto de concorrência inter-empresarial. Mas, além disso, gera-se facilmente promiscuidade entre agentes políticos ou outras figuras mediáticas (do show biz, da arte ou do desporto) e os próprios mediadores. Os jornalistas são especialmente sensíveis a tais apelos. Entre a ambição do “furo” ou da “investigação” que revela os podres escondidos, as “assessorias” e a figura do “pivot” que pode ambicionar ao sucesso (literário ou outro), muitas são as possibilidades que fascinam a mente dos jovens que tentam a profissão.
A do comentador (e do opinion maker) é uma delas. Ora, José Pacheco Pereira, senhor de um invejado capital cultural e de conhecimentos e que, desde há anos, conquistara um dos lugares cimeiros desse estatuto, perdeu provavelmente uma parte da autoridade que granjeara quando criticava a sua própria “facção” sempre que tal se lhe impunha ao não querer cortar as pontes com o sistema de política partidária vigente e, concretamente, ao voltar à “política activa” com a dra. Manuela Ferreira Leite a dirigir o PSD (o recurso mais à mão para correr com o “populista” Menezes).
Pode entender-se que quem aposte em alguma mudança na sociedade a partir da acção governativa aceite como um constrangimento necessário ter de actuar dentro dos partidos e, em particular, dos grandes partidos de governo. Mas foi penoso assistir à tentativa de Pacheco Pereira de subsistir em simultâneo nos dois papéis: ensaiar jogadas de “maquiavelismo” político (vide a acrobática ‘asfixia democrática’, para quem tem de suportar a situação na Madeira) e manter-se como comentador de espírito independente na Quadratura do Círculo, no Abrupto ou nas páginas do Público. Com tal “promiscuidade”, ele prestou um mau serviço, tanto à sua causa política como (o que é pior) à credibilidade do espaço de informação e do debate de cidadania.
JF/6.Nov.2009
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domingo, 8 de novembro de 2009
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Sempre acreditei ver um dia o José Pacheco Pereira preocupado com o desenvolvimento regional - falo do Ribatejo, mas também da sua vila da Marmeleira. Pelos vistos ainda não foi desta quanto ao retiro do guerreiro. Interessante neste particular é ouvir também os companheiros do seu partido, para os lados de Tomar. Aquele pessoal fala de "silenciamentos/afastamentos compulsivos" algo que tresanda a stalinismo e outras forma de actuação. Será? Não acredito que os livros de Arthur Koestler sejam lidos ao contrário, no (meu) Ribatejo social-democrata.
ResponderEliminarPobre país em que um Pacheco Pereira, um Marcello e um Vitorino dominam o tempo/espaço de antena. Dizem tudo e o contrário de tudo, com um ar convicto. E o debate plural fica na gaveta...
ResponderEliminarSaúdo o blog!!!
Cristina Rodrigues