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sábado, 16 de abril de 2011

Três notas positivas portuguesas

Ao lado do actual descalabro político-financeiro, há sempre acontecimentos e realizações merecedoras de aplauso e que podem servir de incentivo a terceiros. Respigamos três desses factos, ao correr das coisas.
Em Lisboa, no CCB, têm lugar mais uns “Dias da Música em Belém”. Como nos anos anteriores, os bilhetes esgotam-se, os concertos são variados e de grande qualidade, e vêem-se milhares de pessoas, incluindo muitos jovens, a cultivarem-se usufruindo os prazeres da música. Nota altamente positiva, até porque, embora tendo copiado a fórmula do estrangeiro, faz-se com a “prata da casa” sem ter de pagar royalties lá fora (como, incrivelmente, se percebe que acontece em quase todos os espectáculos de entretenimento televisivo). Em boa medida, o mesmo se pode dizer da actividade da Casa da Música no Porto, e do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, que vieram dar outra dimensão e outra elevação à vida cultural da capital nortenha. Apesar de alguns desperdícios, sinecuras dispendiosas e insuportáveis narcisismos típicos do meio, estes exemplos mostram talvez como pode existir acção cultural de grande impacto com boas conjugações de recursos públicos e particulares, servidos por decisores profissionais de mérito e reconhecida capacidade.
No futebol – que é hoje um desporto-espectáculo-negócio – quase tudo vai mal cá por casa. No entanto, colocar três equipas portuguesas entre as quatro apuradas para as meias-finais da ‘Taça Europa’ (uma espécie de “campeonato dos segundos” clubes europeus) é um sucesso que não deve ser menosprezado. Sobretudo porque, se o F.C.Porto é a única equipa portuguesa que ao longo das últimas décadas tem demonstrado estar entre a elite mundial, a presença do “pequeno” S.C.Braga é uma novidade que tem de saudar-se, por quebrar o tradicional monopólio dos “três grandes” (só sendo de esperar que não evolua no mesmo sentido do simpático Boavista).
Finalmente, sem qualquer espécie de espectacularidade (e, assim, sem os favores dos meios de comunicação social), deve assinalar-se a prática cada vez mais frequente e diversificada das “caminhadas pedestres”. Há hoje dezenas de clubes de “caminheiros” espalhados pelo país, empresesas e organizações turíticas que promovem tais actividades, trajectos marcados e organizados por municípios e parques naturais, onde também se aventuram grupos informais de amigos e familiares, numa saudável prática de contacto e reconhecimento de elementos da natureza (geológica e biológica), compensadora do stress da vida urbana moderna, ao mesmo tempo que se criam oportunidades de convívio interpessoal mais distendido e fraterno, não marcado pelas disputas da concorrência ou dos pequenos exercícios de predomínio e poder.
Apesar das nuvens, na Primavera sobressai sempre o verde…
JF / 16.Abr.2011

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