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segunda-feira, 8 de março de 2010

Grécia, Islândia…

Finalmente, o governo helénico (de esquerda) apresentou um plano de reequilíbrio orçamental e financeiro um pouco mais realista, e a reacção popular nas ruas é a que se pode ver… E na Islândia o referendo sobre a proposta oficial de pagamentos externos foi recusada quase por unanimidade (daqueles que votaram validamente, pois a maioria parece que votou branco ou nulo e não se deu mesmo ao trabalho de ir votar, o que pode ter significados diversos). Em todo o caso, eis dois países bem diferentes da periferia europeia que foram apanhados em cheio pela crise de 2008 e cujas populações reagem mal, com indignação ou desagrado, à perda dos padrões de vida a que se haviam habituado: no caso grego, com a cultura mediterrânica do “desenrasca”, veremos até que ponto o governo conseguirá resistir à pressão da rua; no outro, os simpáticos gélidos islandeses ainda devem estar à procura de compreender como a sua prosperidade se evaporou e, de um momento para o outro, viram o seu sector financeiro arruinado e eles próprios muito mais pobres.
E, entre nós, o PEC hoje apresentado vai dar para muita especulação jornalística, “de café” (não nos respectivos estabelecimentos que o vendem, que já não servem para isso, mas nas pausas-café do trabalho onde tagarelam quadros e empregados), e infindáveis manobras partidárias. Agravamento fiscal sobre os mais ricos? Justíssimo! Adiamento dos grandes investimentos? Pois se já não há dinheiro para eles!… Cortes nos subsídios e despesas sociais? Veremos onde vão incidir, sendo certo que estas práticas (inevitáveis em casos de socorro social) sempre distorcem a verdade na formação dos preços! Privatizações, na complicada economia pública de hoje? Resta saber se há compradores, a que preço e se é para fazerem melhor… Finalmente, o “congelamento” dos rendimentos pessoais pagos pelo Estado (a funcionários e, parcialmente, a pensionistas), que pode ser justo quando aproxima estes dos restantes cidadãos, mais uma vez deixa incólomes os privilégios de que gozam os agentes políticos e altos gestores públicos, embora se saiba que não se situa aqui o peso fundamental da despesa, que é preciso controlar.
Esta, seria a pedra-de-toque de uma reforma moralizadora (e mobilizadora) das energias nacionais, imposta pelas circunstâncias excepcionais que estamos vivendo – mas fora delas, isso alguma vez será viável? –, que poderia relançar a confiança e o crédito de um sistema político desgastado por 2 anos de PREC e 33 de “partidocracite”.
JF/8.Mar.2010

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